Muita gente foi atraída pelo som da gaita ponto, pelas danças tradicionalistas, declamações, rodas de chimarrão entre amigos, pinhão servido quentinho e outros costumes que demonstram o jeito serrano de ser
Um dia para celebrar o início da colheita da semente mais aguardada pelos habitantes da Serra Catarinense, símbolo da gastronomia e cultura serrana. O Festival Colheita do Pinhão promoveu sua segunda edição neste sábado (6), no calçadão da praça João Costa, resgatando o tradicionalismo e valorizando os costumes locais.
O evento é realizado pela Prefeitura de Lages, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Uma estrutura foi montada na praça para que os participantes pudessem prestigiar o festival de forma mais confortável.
Muita gente foi atraída pelo som da gaita ponto, pelas danças tradicionalistas, declamações, rodas de chimarrão entre amigos, pinhão servido quentinho e outros costumes que demonstram o jeito serrano de ser. “Esperamos que o festival se mantenha ao longo dos anos, dando o pontapé inicial também para a Festa Nacional do Pinhão. Além de incentivar a colheita e comercialização do pinhão que é um incremento na renda de cinco a dez mil famílias da Serra. Hoje é uma das bases da nossa gastronomia, e vem se fortalecendo cada vez mais”, comenta o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Nilson Cruz.
Foi um dia repleto de atividades artístico/culturais, desde as primeiras horas da manhã, seguindo até por volta das 22h, com uma programação que valoriza os talentos locais, com a participação de CTGs e músicos tradicionalistas. No início da noite foi realizada a tradicional sapecada de pinhão, lembrando o jeito mais rústico e original de se degustar a semente, resgatando os tempos dos tropeiros.
O Festival Colheita do Pinhão, além da programação artístico/cultural, contou com a participação de sete cervejarias artesanais vinculadas ao Núcleo de Negócios Cervejeiros da Acil/CDL. Ainda teve a comercialização de alimentos em food trucks, feira de artesanato dos grupos Tramatusa e Terra Nossa e exposição dos Produtores da Serra vinculados ao Banco da Família, vendendo produtos originários da Serra Catarinense, como licores, bolachas caseiras, conservas, geleias, salames, mel e bombons artesanais.
Experimento pioneiro na Serra com araucárias enxertadas
No estande da Epagri, em parceria com o viveiro florestal Duffatto, uma exposição de mudas de araucária enxertada, um experimento pioneiro na Serra Catarinense, que promete fornecer pinheiros com produção precoce de pinhão e melhor qualidade.
A araucária leva normalmente de 9 a 12 anos para que uma araucária-fêmea comece a florescer e de 12 a 15 anos para produzir o pinhão. Com o objetivo de incrementar este processo e fazer com que o pinhão seja uma fonte de renda sustentável para produtores rurais, a Embrapa Florestas, do Paraná, desenvolveu um protocolo de enxertia que viabiliza pomares de pinhão com pinhas acessíveis a, no máximo, 2 a 5 metros de altura e produção em menos tempo, média de 5 a 7 anos.
As mudas novas são comercializadas a R$150 reais e podem chegar a R$4 mil quando estão adultas em época de produção de pinhas. “Nossa intenção é ter uma variedade específica da Serra Catarinense, que juntamente com outros tipos de araucárias, possam produzir o ano todo, além da produção precoce do pinhão”, explica o coordenador regional de Gestão de Negócios e Mercado da Epagri de Lages, Aziz Abou Haten.
Colheita antecipada beneficia produtores rurais
A colheita do pinhão em todo o Estado foi regulamentada em 2011, através da Lei 15.457, sancionada pelo então governador Raimundo Colombo, liberando a retirada da semente a partir do dia 1° de abril. O prefeito Antonio Ceron enfatiza sua contribuição para que a colheita fosse antecipada em 15 dias, já que muitas famílias depende da renda obtida com a comercialização do pinhão como alimento.
O prefeito, juntamente com o vice Juliano Polese, e o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Nilson Cruz, estiveram na manhã de 1º de abril na Pousada Rural do Sesc, onde foi realizado o ato simbólico de comemoração do início oficial da colheita do pinhão, com a derrubada da primeira pinha e a uma sapecada do pinhão.
Texto: Aline Tives
Fotos: Nilton Wolff